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VIACREDI

Das tradições de fim de ano

Confira a crônica de Thiago Montanha Spinelli

Talvez um dos primeiros indícios de que o ano está, de fato, acabando, seja quando se recebe o primeiro convite para um encerramento.

– Uai, mas ainda é novembro.

– Ah, mas depois ninguém mais tem data.

Ocorre o fatídico e o convívio se estende por mais dois meses, com aquela sensação permanente de se despedir e caminhar na mesma direção.

Um bom encerramento de empresa – ou, no termo atual, uma confra – tem alguns requisitos. O clima precisa ser de estranhamento no início. Parece que algo não orna, que está fora de lugar. Aos poucos tudo ameniza e você se dá conta de que só nunca tinha visto o Rogério de bermuda.

O assunto varia entre amenidades da empresa e o Flamengo, mas isso é antes… antes de entrar o lubrificante social. Em parcos minutos as rodas se formam e entra em cena o único motivo de a festa da firma existir: o Cláudio. Aqui falamos do Cláudio hipotético, cada firma tem o seu. Cláudio é o protagonista do evento. É o primeiro a dar um abraço suado no patrão e propor um brinde a “esse cara, esse cara que é o cara”. O patrão ruboriza, mas nem se percebe, porque parece que deram com uma Havaianas na cara do Cláudio, de tão vermelho que ele já está.

Cláudio segue sua empreitada rumo ao descrédito, entornando como um viking, esmerilhando o salão e balançando mais que a ponte do Salto. Em um breve momento de lucidez lembra que seria bom comer algo, “pra não ficar muito passado”. Escora-se na mesa de petiscos com tamanha habilidade que, da cozinha, um jovem auxiliar chora.

Cláudio é uma dessas almas inquietas, passa de roda em roda, conta a mesma piada em todas elas, a mesma do ano passado, e vai deixando sua impressão. Mas aqui, quando falamos de impressão, não nos referimos a alguma marca indelével de sua personalidade, mas a um registro mais, digamos, olfativo.

O poderio bélico de Cláudio após esse consumo desenfreado é tamanho que alguém sugere chamar a BRK Ambiental, porque isso só pode ser problema de fossa. E Cláudio segue impávido, na certeza da impunidade e de que alguém não está passando muito bem.

Ao fim, já bocejante e engatando a reduzida, Cláudio encerra, com abraços calorosos, beijos exagerados e excessos de tapas nas costas. Sai caminhando como se estivesse em um longo guichê sem filas e você, que recebeu todo o afago da despedida, percebe que também vai caminhar na mesma direção. 

Por Thiago Montanha Spinelli 

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